quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Programa de Demissão Voluntária

Sarney dá apoio aos servidores prejudicados pelo PDV da época de FHC

Os servidores públicos federais que aderiram aos programas de Demissão Voluntária (PDV) de 1996 e 1999 e que tentam voltar ao trabalho ganharam um reforço de peso. Foram recebidos nesta quarta-feira, 26, pelo senador José Sarney (PMDB-AP). Rejane Ávila Cavalcante Bezerra e Sueli Severina do Nascimento Silva, coordenadoras do Movimento Nacional Unificado pela Readmissão/reintegração dos “Pedevistas” (MURP) se reuniram com o senador para pedir que o ex-presidente interceda junto ao Presidente Lula para que a solução do problema venha do Executivo federal. Isto porque, segundo as representantes, a Justiça não tem sido muito favorável aos ex-servidores que aderiram ao PDV em ações em que eles pedem o retorno à repartição pública. Já existe, inclusive, entendimento pacificado que não teria havido coação e que a adesão aos programas teria sido voluntária. Por isso, a solução seria “eminentemente político. Dependeria de uma decisão do Presidente”. Segundo elas, o advogado trabalhista, Ulisses Borges de Resende, defende a aprovação de uma lei de anistia, pois o Governo Federal tem se empenhado para readmitir os servidores demitidos no governo Collor. Resende afirma ser necessário o mesmo empenho em relação aos pedevistas. Para Rejane Ávila "essas pessoas concordaram com o programa de forma viciada. Vários servidores, inclusive, assinaram sob coação e ameaça de demissão. É necessário corrigir essa injustiça."
A promessa do governo FHC era que haveria a indenização para saída do servidor, garantindo-lhe a reinserção no mercado de trabalho e também o preparando para a abertura de seu próprio negócio ou ainda garantindo sua requalificação e aperfeiçoamento profissional. O Ministério do Trabalho, o CODEFAT, o SEBRAE e o Banco do Brasil seriam os órgãos governamentais responsáveis para a efetivação do contrato que seria então celebrado entre Servidor Público Federal e o Governo Federal. Mas, segundo as representantes, “nada foi feito e há oito anos as representantes do MURP tentam uma ajuda com deputados, senadores e até mesmo com o Presidente Lula.


Frente parlamentar em defesa dos “pedevistas”

No dia 12 de novembro foi criada na Câmara uma frente parlamentar que vai estudar formas de viabilizar o retorno das 25 mil pessoas que aderiram ao Plano de Demissão Voluntária (PDV) com o apoio de 182 deputados e 13 senadores. Mas Rejane explicou ao senador Sarney que já teve a oportunidade de falar com Lula pessoalmente e que o presidente se mostrou muito sensível à causa, mas que a burocracia em Brasília estaria dificultando as coisas: “Falamos com o presidente. Ele nos ouviu rapidamente e disse que procurássemos ´o Luis Dulci`, o Ministro-Chefe da Secretaria Geral da Presidência da República. Mas o problema é que não conseguimos ser recebidos por ele até agora. Por isso estamos aqui para falar com Sarney. Em outras oportunidades ele sempre nos recebeu e nos ajudou. Quando era Presidente do Senado, nos ouviu e viabilizou nosso encontro com várias autoridades em Brasília”. Sarney, tão logo soube do teor do pedido, mandou sua assessoria manter contato com o ministro Dulci.
Sarney manifestou, ainda, todo seu apoio à causa e disse que deixaria seu gabinete inteiramente a disposição do movimento. Depois comentou: “A onda dita modernizadora dos Anos 90, com toda aquela história de privatização e enxugamento a qualquer custo da máquina pública, provocou distorções e injustiças que causam problemas até hoje. Uma delas é a situação dos pedevistas, que, em grande parte, foram ludibriados. Muitos sofreram pressões, tudo em nome da redução do tamanho do Estado. Na maioria dos casos foram forçados a se demitirem, justamente quando a economia andava a passos lentos. Muito do que foi prometido não foi cumprido. Mas falarei com Lula e com Dulci a respeito”.
Segundo Sueli Severina , outra coordenadora que esteve com Sarney, “os pedevistas estão bastante mobilizados. Calculamos que somos 25 mil pessoas das administrações direta e indireta aderiram ao PDV. Só no Amapá são mais de mil.” “O presidente da frente parlamentar que nos apóia é o deputado federal Chico Lopes (PCdoB-CE). Temos tido também todo o apoio do deputado Bala Rocha (PDT-AP). Agora, com o peso político do presidente Sarney, teremos mais força para solucionarmos de vez a questão”, comemorou.

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