Um menino do Havaí
OS Estados Unidos não vão mudar. Continuarão com seus problemas, suas contradições, sua crise, suas duas guerras (Iraque e Afeganistão), os contenciosos do Oriente Médio, Coréia do Norte, Irã e, para não ficarmos fora do jogo, os jocosos desafios de Venezuela, Bolívia e Equador. A grande máquina econômica, política e cultural funcionando.Uma recessão chegando e uma imagem internacional discutida pela ação de George W. Bush, uma versão atual de Theodore Roosevelt, do "big stick".Não é que tudo se tenha "cambiado para se quedar lo mismo". A vitória de Obama não muda, mas muda tudo. A mensagem que a América mandou ao mundo apaga todos os seus equívocos para situar-se no seu forte, que são as grandes idéias que semeou e mudaram a humanidade: a Declaração de Independência, com a palavra de Jefferson de que "todos os homens são iguais" e têm direito "à vida, liberdade e busca da felicidade".A força da liberdade, seu poder criador, o sonho de tantos imigrantes de todas as raças e credos, tudo para a construção de uma sociedade democrática. Nada melhor para resumir o que aconteceu do que as palavras do próprio Obama em seu discurso de vitória: "Se alguém ainda duvida de que a América é um lugar onde tudo é possível, pergunta se o sonho dos pioneiros está vivo em nossos tempos e questiona o poder de nossa democracia, esta noite é sua resposta."A vitória foi, assim, dos Estados Unidos. É o país que justifica ao mundo o porquê de sua liderança e a sua capacidade de renovar-se, mesmo em meio a uma tempestade econômica que ninguém sabe quando começou e quando irá terminar.Quanto ao presidente eleito, sua rica biografia mostra que as forças propulsoras do seu êxito são sua inteligência e seu talento político, formado num cerco de segregação que o levou a escrever que "o termo branco era extremamente incômodo em minha boca". Viveu, então, a capacidade de transitar "entre meus dois mundos", sabendo que "com um pouco de colaboração de minha parte os dois se conciliariam". Ele traz esperança e a carga adicional de ser um símbolo para a humanidade de reconciliação das raças e projeta o ideal de um mundo sem cor de pele e nivelado pelo sonho de Luther King: o caráter.Desta mensagem ele teve a responsabilidade histórica de ser o protagonista. Não pode falhar no exercício do poder que lhe foi entregue para pacificar, unir e construir um mundo diferente daquele que encontrou quando nasceu numa noite do Havaí nos braços de um queniano, preto como a noite, egresso de uma das tribos mais primitivas do seu país, um menino a chorar, mas um líder que mudou a história americana.
OS Estados Unidos não vão mudar. Continuarão com seus problemas, suas contradições, sua crise, suas duas guerras (Iraque e Afeganistão), os contenciosos do Oriente Médio, Coréia do Norte, Irã e, para não ficarmos fora do jogo, os jocosos desafios de Venezuela, Bolívia e Equador. A grande máquina econômica, política e cultural funcionando.Uma recessão chegando e uma imagem internacional discutida pela ação de George W. Bush, uma versão atual de Theodore Roosevelt, do "big stick".Não é que tudo se tenha "cambiado para se quedar lo mismo". A vitória de Obama não muda, mas muda tudo. A mensagem que a América mandou ao mundo apaga todos os seus equívocos para situar-se no seu forte, que são as grandes idéias que semeou e mudaram a humanidade: a Declaração de Independência, com a palavra de Jefferson de que "todos os homens são iguais" e têm direito "à vida, liberdade e busca da felicidade".A força da liberdade, seu poder criador, o sonho de tantos imigrantes de todas as raças e credos, tudo para a construção de uma sociedade democrática. Nada melhor para resumir o que aconteceu do que as palavras do próprio Obama em seu discurso de vitória: "Se alguém ainda duvida de que a América é um lugar onde tudo é possível, pergunta se o sonho dos pioneiros está vivo em nossos tempos e questiona o poder de nossa democracia, esta noite é sua resposta."A vitória foi, assim, dos Estados Unidos. É o país que justifica ao mundo o porquê de sua liderança e a sua capacidade de renovar-se, mesmo em meio a uma tempestade econômica que ninguém sabe quando começou e quando irá terminar.Quanto ao presidente eleito, sua rica biografia mostra que as forças propulsoras do seu êxito são sua inteligência e seu talento político, formado num cerco de segregação que o levou a escrever que "o termo branco era extremamente incômodo em minha boca". Viveu, então, a capacidade de transitar "entre meus dois mundos", sabendo que "com um pouco de colaboração de minha parte os dois se conciliariam". Ele traz esperança e a carga adicional de ser um símbolo para a humanidade de reconciliação das raças e projeta o ideal de um mundo sem cor de pele e nivelado pelo sonho de Luther King: o caráter.Desta mensagem ele teve a responsabilidade histórica de ser o protagonista. Não pode falhar no exercício do poder que lhe foi entregue para pacificar, unir e construir um mundo diferente daquele que encontrou quando nasceu numa noite do Havaí nos braços de um queniano, preto como a noite, egresso de uma das tribos mais primitivas do seu país, um menino a chorar, mas um líder que mudou a história americana.
José Sarney é ex-presidente da República, senador do Amapá e acadêmico da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa
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