sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Carta de Said Dib para a jornalista Alcinéa Cavalcante. Não respondida até agora.

"Ser anti-Sarney virou profissão para Alcinéa Cavalcante"

Said Dib

Prezada Alcinéa:

Fico contente que façamos contato. Tenho muito respeito pelo seu trabalho. Sempre li suas postagens e, no geral, gosto muito. Mas, além de cidadão, sou também assessor de imprensa. E como assessor de um senador do Amapá jamais poderia deixar de acompanhar o seu Blog, que é realmente muito prestigiado e de conteúdo relevante. Justamente por isso seu email sempre esteve na lista de veículos e jornalistas que, constantemente, recebem nossos informes. Aliás! Sempre foi uma determinação do senador Sarney que nossa equipe de assessoria parlamentar jamais privilegie ou marginalize qualquer veículo de comunicação. Independente da tendência partidária ou da cor ideológica, Ele nos cobra sempre isso. Mas, se me permite, gostaria de fazer algumas observações não em nome do senador, mas com base no que penso disso tudo:

1º) O senador Sarney é um ex-presidente da República. Tem 53 anos na vida pública, tendo ocupado os principais cargos nacionais. Portanto, é muito demandado. Recebe diariamente em seu gabinete diversas pessoas das mais variadas posições políticas, dos vários estados e de todos os partidos. Tem um papel político importante no Congresso e vem participando ativamente na viabilização do governo Lula junto aos congressistas. Participação, aliás, que vem rendendo grandes conquistas e prestígio para o Amapá. Sei que em público você não admitiria isso jamais, mas sei também que concorda comigo. Cá entre nós, diferente do que acontece com representantes de Rondônia, Roraima ou Tocantins, você sabe muito bem que qualquer político do Amapá (um estado novo e ainda politicamente fraco na Federação) é muito bem recebido na Esplanada dos Ministérios. Em grande parte isto ocorre por causa da força de Sarney, um ex-presidente e, hoje, muito influente junto ao Lula. Negar isso é burrice. É só perguntar para o Capi, que por diversas vezes soube utilizar esta força de Sarney quando era governador.

2º) Principalmente em época de campanha, Sarney não tem muito tempo de sobra. Por isso, tem que delegar funções. E sabe fazer isso. A nossa equipe de comunicação, por exemplo, tem que mantê-lo informado apenas do que é essencial. Não se pode levar questões de somenos ao senador. Fazemos, como toda assessoria, uma peneira do que realmente é relevante. Quando houve a campanha do “Xô Sarney”, no início, eu, como assessor, não dei importância alguma. Com o tempo, quando a campanha se intensificou, sem precisar falar com o senador (não tinha que fazê-lo, não havia razão para importuná-lo com aquela baixaria!), eu mesmo tomei a decisão de passar o caso para nossos aliados do Amapá. Portanto, não foi o senador que te processou, mas os advogados da coligação política que o PMDB fazia parte. A verdade é que o senador nem tinha conhecimento da existência da baixaria. Quando mais tarde ficou sabendo, se surpreendeu com o baixo nível. Aliás, quando a sua irmã Alcilene esteve no gabinete, há não muito tempo, o senador a recebeu muito bem. Na oportunidade eu, que sou tinhoso, fiz questão de lembrá-lo: “mas, senador, o senhor vai receber a irmã da Alcinéia? Não se lembra da campanha...”. Olhou com cara feia pra mim. A resposta foi: “claro que sim!!! Um coisa não tem nada a ver com a outra. A campanha acabou...”.

3º) Por outro lado, convenhamos, minha cara, comparar o fechamento da Tribuna da Imprensa, um jornal que enfrentou as ditaduras Vargas e Militar, que hoje enfrenta o boicote publicitário dos neoliberais, com o processo que você recebeu é brincar com a inteligência das pessoas. A coligação que a processou tinha toda razão em fazê-lo. Tanto é que a Justiça assim decidiu. Estamos falando, portanto, de algo que foi feito dentro das normas do que se chama Estado Democrático de Direito. Como jornalistas, tanto eu quanto você temos que assumir nossas responsabilidades diante da sociedade e da Lei. Isto, para quem preza o respeito à democracia, faz uma substancial diferença.

4º) Quanto ao “Xô Sarney”. Campanha difamatória e pouco democrática promovida por você e pelo grupo do ex-senador cassado, João Capiberibe, tinha cheiro de totalitarismo da pior espécie. Esta era e é a minha opinião. Se dependesse do senador ia rolar o “deixe esse pessoal pra lá”. Mas, eu, como assessor, não poderia aceitar aquilo. O “Xô Sarney” pela Internet não foi uma campanha honesta de troca de idéias, mas uma empreitada canalha, com charges depreciativas e agressivas contra o ex-presidente e eivada de preconceito. A Justiça Eleitoral, a pedido da coligação partidária a qual fazia parte a candidatura Sarney, reprovou o seu comportamento. E não podia ser diferente. Charges não são ofensivas apenas por serem charges. O problema é quando difamam, caluniam e ofendem, principalmente quando usam termos como “Xô Sarney”, algo que lembra intolerância, autoritarismo e preconceito. Coisa de nazismo e stalinismo. Coisa de xenófobos, pois Sarney, como vários outros migrantes que ajudaram e ajudam hoje o desenvolvimento do Amapá, tem origem maranhense, como existem também paraenses ou pessoas de outro estado brasileiro. A maioria da população amapaense, na verdade, é hoje constituída por migrantes. Já pensou se fosse uma campanha do tipo “Xô Cristina Almeida!”, “Xô Alcinéia”, Xô maranhenses!”, “Xô piauienses!”, “Xô negros”, Xô judeus!”? Seria o absurdo! Não é mesmo? Achincalhar Sarney com frases como “Xô Sarney” é um perigoso precedente, minha querida, pois pode incentivar o grupo político que promoveu a campanha a fazer isso amanhã com qualquer um que não concorde com suas posições. Apenas por isso a Justiça Eleitoral impôs o que impôs a você: multa pelo mau comportamento jornalístico. Porém, a campanha repercutiu mais no Sul/Sudeste do que no Amapá. A grande maioria das pessoas no estado conhece o trabalho de Sarney, por isso, o linchamento promovido nada ou quase nada repercutiu no desempenho eleitoral do senador. Pelo contrário: o povo tucujú, sempre hospitaleiro com os migrantes, repudiou tal tratamento que quiseram dar ao ex-presidente.

5º) Quero dizer que continuaremos a enviar nossos informes para o seu blog, pela importância do veículo e por que é realmente um bom blog. Também porque é uma decisão do senador não marginalizar absolutamente ninguém. Aliás, saiba que queremos que continue criticando o senador. Faz parte da democracia. É bom para ela. Qualquer artigo seu que fale bem ou fale mal do senador, sendo civilizado, será publicado no nosso Blog, o “Amapá no Congresso”. Não sei se já nos acompanhou, mas absolutamente tudo que é publicado, por exemplo, sobre a deputada Capiberibe, tem sido publicado por nós, mesmo que falando mal do senador. Portanto, prezada colega, estamos esperando sua colaboração e críticas. Inclusive colocarei agora mesmo o link de seu blog no nosso.
6º) Por fim: cá pra nós... convenhamos... divergir das opiniões, dos valores e das ideologias é sempre bom para o processo político. O que não pega bem para uma pessoa criativa e capacitada como você é transformar a idéia fixa que tem com Sarney em profissão. Um dia o senador vai morrer. Faz parte da vida. Já pensou? O que você fará? Como sobreviverá na mídia? Como aparecerá? Terá outros temas para abordar? Ser anti-Sarney ou ser a antinomia de qualquer outra pessoa não é nada salutar. É parasitismo existencial. Há outras formas de se destacar nacionalmente. Você é capaz, acredite nisso.

Um forte abraço e sempre a disposição,

Said Barbosa Dib, assessor de imprensa do senador José Sarney

Ps.: Por favor, prestigie também o meu Blog pessoal, o “Blog do Said Dib”. O endereço é
saiddib@blogspot.com . Espero comentários.


Ps2.: Este espaço está totalmente aberto para uma resposta...

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