Falta batom na política
Em São Paulo, metade do contingente de trabalhadores é formada por mulheres. Elas competem com eficiência com os homens pelas vagas. Mas, insisto: ainda é pouco. Falta mulher na eleição, falta batom no comando.
Direta ou indiretamente, sempre tivemos as mulheres no comando de nossa sociedade, com suas extraordinárias inteligências intuitivas. Como irmãs, mães, tias, esposas, sogras ou amantes, ficavam no papel de "algodão entre cristais", tentando conter os ímpetos guerreiros dos irmãos, filhos, sobrinhos, maridos, genros e namorados. Talvez tenha sido por causa delas que a humanidade tenha sobrevivido a si mesma. E ainda sempre serviram de inspiração para os homens apaixonados, os corações sensíveis, os artistas. A poesia galaio-portuguesa é plena de exemplos de cantigas de bem-querer que exaltam essa melhor criação de Deus, a mulher. Mas, ao longo da História, a violência, infelizmente, também foi uma triste constante no universo feminino. E como hoje vivemos numa "era de extremos", como bem analisou o historiador Eric Hobsbaum, a violência contra elas também aumentou. Por isso, é importante campanhas como a dos "homens pelo fim da violência contra as mulheres", que está em andamento em todo o País. A ONU recomendou, dia 12, que os governos incluam estratégias culturais orientadas ao desenvolvimento e à igualdade da mulher; e comemorou a existência de leis de combate à violência contra o sexo feminino. E destacou a lei brasileira "Maria da Penha". É um esforço e um reconhecimento extremamente relevantes. Conscientizar os homens é necessário, sim. Lembro-me quando criei o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, em 1985. Não foi um gesto paternalista ou conciliador, mas o atendimento à reivindicação de criar, junto ao governo federal, um organismo voltado especialmente para a mulher, com o objetivo essencial de captar os anseios das mulheres brasileiras. Mas, a verdade é que as coisas só irão mudar quando tivermos mais daquele espírito conciliador de mãe permeando a vida política. Falta mulher na política. Esta é a verdade. Mulheres competentes e batalhadoras já temos muitas. A própria Maria da Penha, Dilma Roussef, Heloisa Helena, Helena Guerra, Fátima Pelaes, Dalva Figueiredo, Ana Júlia Carepa e tantas outras, que estão melhorando nossas instituições e os hábitos políticos. Na verdade, hoje, mulher parece não temer nada. Dá sentenças, governa, legisla, comanda empresas, maneja o bisturi, apita partidas de futebol, pilota Boeing, prende bandido, decide. Em São Paulo, metade do contingente de trabalhadores é formada por mulheres. Elas competem com eficiência com os homens pelas vagas. Mas, insisto: ainda é pouco. Falta mulher na eleição, falta batom no comando.
Em São Paulo, metade do contingente de trabalhadores é formada por mulheres. Elas competem com eficiência com os homens pelas vagas. Mas, insisto: ainda é pouco. Falta mulher na eleição, falta batom no comando.
Direta ou indiretamente, sempre tivemos as mulheres no comando de nossa sociedade, com suas extraordinárias inteligências intuitivas. Como irmãs, mães, tias, esposas, sogras ou amantes, ficavam no papel de "algodão entre cristais", tentando conter os ímpetos guerreiros dos irmãos, filhos, sobrinhos, maridos, genros e namorados. Talvez tenha sido por causa delas que a humanidade tenha sobrevivido a si mesma. E ainda sempre serviram de inspiração para os homens apaixonados, os corações sensíveis, os artistas. A poesia galaio-portuguesa é plena de exemplos de cantigas de bem-querer que exaltam essa melhor criação de Deus, a mulher. Mas, ao longo da História, a violência, infelizmente, também foi uma triste constante no universo feminino. E como hoje vivemos numa "era de extremos", como bem analisou o historiador Eric Hobsbaum, a violência contra elas também aumentou. Por isso, é importante campanhas como a dos "homens pelo fim da violência contra as mulheres", que está em andamento em todo o País. A ONU recomendou, dia 12, que os governos incluam estratégias culturais orientadas ao desenvolvimento e à igualdade da mulher; e comemorou a existência de leis de combate à violência contra o sexo feminino. E destacou a lei brasileira "Maria da Penha". É um esforço e um reconhecimento extremamente relevantes. Conscientizar os homens é necessário, sim. Lembro-me quando criei o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, em 1985. Não foi um gesto paternalista ou conciliador, mas o atendimento à reivindicação de criar, junto ao governo federal, um organismo voltado especialmente para a mulher, com o objetivo essencial de captar os anseios das mulheres brasileiras. Mas, a verdade é que as coisas só irão mudar quando tivermos mais daquele espírito conciliador de mãe permeando a vida política. Falta mulher na política. Esta é a verdade. Mulheres competentes e batalhadoras já temos muitas. A própria Maria da Penha, Dilma Roussef, Heloisa Helena, Helena Guerra, Fátima Pelaes, Dalva Figueiredo, Ana Júlia Carepa e tantas outras, que estão melhorando nossas instituições e os hábitos políticos. Na verdade, hoje, mulher parece não temer nada. Dá sentenças, governa, legisla, comanda empresas, maneja o bisturi, apita partidas de futebol, pilota Boeing, prende bandido, decide. Em São Paulo, metade do contingente de trabalhadores é formada por mulheres. Elas competem com eficiência com os homens pelas vagas. Mas, insisto: ainda é pouco. Falta mulher na eleição, falta batom no comando.
*José Sarney é ex-presidente da República, senador do Amapá e acadêmico da Academia Brasileira de Letras e da Academia das Ciências de Lisboa
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